quarta-feira, 2 de junho de 2010

Artigo de opinião

Universidade Aberta do Brasil - UAB
Universidade de Brasília - UnB
Instituto de Artes - Ida
Licenciatura em Artes Visuais
Disciplina: Competências Lingüísticas e Midiáticas
Tutora: Andréia Barbosa Mendes
Aluna: Irizane de Souza Patrício

Vida Maria

A vida segue. Dia a dia morremos lentamente. E a morte acontece não apenas porque envelhecemos. Nem tampouco apenas pelo fato de adoecermos. Ela acontece todos os dias porque nos sufocamos, pelo fato de nos submetermos, de silenciosamente aceitarmos o que nos é dado, ou o que conseguimos atingir, obter... Contentamo-nos ou nos acomodamos? Qual é a tônica de nossas vidas?
Nesse exato momento, o que vivemos é o que realmente queremos ou é aquilo que a vida, através de suas várias circunstâncias e acontecimentos nos legou? Em que ponto de nossas trajetórias abdicou de nossos sonhos e rumos e nos deixamos levar pela toada da vida?Será que realmente temos opções? Será que em nossas existências, em algum dado momento, nos é permitido escolher o que realmente desejamos, a despeito de qualquer outro interesse, pormenor, sujeito ou acontecimento?O que se sabe é que muitos de nós, se não a maioria, para não pensar na totalidade, simplesmente “toca o barco”.
E o que significa isto? Na prática significa muito, pois representa o quanto prezamos o nosso ser, a tão sonhada autonomia, o sagrado direito de ir e vir sem estar atrelado ao desejo ou a necessidade de outros... Quem realmente, por livre escolha, quis estar nos pelotões de soldados enviados às guerras e sacrificados em massa em prol de objetivos e finalidade que poucos realmente compreendiam? Os personagens do filme estão visivelmente atrelados ao elemento experiência, onde o modo de vida passa de geração a geração sem um questionamento ou um conflito sério que possa gerar mudança. Suas vidas são limitadas (a partir de um ponto de vista externo), porém para os participantes daquela cultura ela é plena e se resume em nascer, viver e morrer.
Interessante dizer que no filme um possível fator de transformação daquela realidade seria o ensino, ou melhor, um confronto racional entre a vida que se leva e a vida que poderia se levar, essa segunda, talvez, mais digna e mais plena. É a razão sobrepondo-se à experiência, o prazer de escrever (a criação) frente à tristeza e a monotonia dos afazeres (a reprodução). Não que eu seja contra o conhecimento, apenas estou colocando um ponto de vista um pouco complexo, que considera a “destruição” ou a “integração” entre culturas diferentes.
Identifique alguém que sofra com a fome, as epidemias ou o analfabetismo e não queira superar essas mazelas que tanto atormentam a existência humana... Não há. A consciência não permite. A informação e o esclarecimento são ferramentas libertárias que devem permitir a quem quer que seja o caminho da felicidade, da autonomia, do respeito, da civilidade...
Quem já morou na zona rural sabe exatamente o que sentem as Marias nele retratadas. Quem nunca morou pode ter uma visão do cotidiano sofrido e sem perspectiva que o morador rural pode ter.


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